Piauí sob luto: o feminicídio que ainda insiste em nos calar
- Vero
- 29 de abr.
- 2 min de leitura

De janeiro a março de 2025, mais de 18 mulheres foram assassinadas no Piauí. Quase todas mortas por quem dizia amá-las.Enquanto o país avança em debates públicos sobre violência de gênero, os números continuam revelando uma realidade brutal: ser mulher no Brasil ainda é viver em estado de alerta permanente.
O Piauí, conhecido por sua cultura forte e sua resistência histórica, carrega hoje uma das taxas mais alarmantes de feminicídio do país.Cada dado, cada número, esconde uma história: uma vida interrompida pela violência que começa em casa, muitas vezes invisível, e termina em tragédia.
Por que mulheres são mortas por seus companheiros?
Feminicídio não é um crime passional.Feminicídio é a expressão final de uma cultura que ensina homens a considerarem mulheres como propriedade. É o desfecho de ciclos de abuso, de controle, de humilhação, muitas vezes normalizados no cotidiano.
Segundo o Mapa da Violência 2024, e dados preliminares da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI):
Em 90% dos casos de feminicídio, o agressor era parceiro ou ex-parceiro da vítima.
Mais de 65% das vítimas já haviam registrado algum tipo de violência doméstica antes da morte.
A maioria dos feminicídios ocorre dentro da própria casa da mulher.
Ou seja: não são casos isolados. São parte de uma estrutura social que falha em proteger.
O ciclo do descaso
Em muitos dos assassinatos, há um padrão:
Vítimas que buscaram ajuda e foram ignoradas.
Medidas protetivas que não foram fiscalizadas.
Uma justiça lenta que permite que agressores continuem a ameaçar.

"Em uma sociedade que não leva a sério as denúncias das mulheres, o feminicídio é só a ponta do iceberg."– Silvia Chakian, promotora de Justiça e especialista em violência de gênero
Feminicídio é um problema coletivo
Cada mulher morta carrega uma pergunta que deveria ecoar em todos nós:Onde falhamos?
Falhamos quando banalizamos o controle nos relacionamentos.Falhamos quando minimizamos agressões psicológicas.Falhamos quando culpabilizamos vítimas.Falhamos quando não exigimos políticas públicas eficazes de prevenção, acolhimento e educação.
O que precisa mudar?
Especialistas apontam caminhos urgentes:
Ampliação de casas de abrigo para mulheres ameaçadas.
Fiscalização rígida de medidas protetivas.
Educação para relações de gênero nas escolas.
Formação de forças policiais para lidar com violência doméstica.
O feminicídio não vai desaparecer com campanhas superficiais ou discursos de ocasião.Ele só vai ser combatido de verdade quando mudarmos as raízes culturais que o sustentam.
Enquanto isso não acontece, mulheres continuam a morrer — muitas vezes, sem sequer terem a chance de pedir socorro.
No Piauí, no Brasil inteiro: basta de silêncio. Basta de mortes.









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